quarta-feira, 28 de julho de 2010

Não adianta fugir, você está preso!



E se a história tivesse sido outra?... E se viajasse no tempo?...
Será que dava para realizar todos os sonhos e desejos?

Alguém me disse que tinha sonhos. Contou-me de alguns desejos e que sua vida seria bem mais feliz quando realizasse esses sonhos e consequentemente os desejos. O homem deseja sempre e sempre lhe está faltando algo ou alguém. Tão logo realiza seus sonhos e desejos, o homem passa a buscar outros e outros sonhos, outros desejos...

Nesta longa jornada de busca, realizações e frustrações, nossa história individual acaba se misturando com a de outras pessoas. Nossas escolhas individuais não são tão individuais como pensamos. Um relacionamento entre dois indivíduos pode gerar uma família. Assim como várias famílias formam uma sociedade. A sociedade sonha, a família sonha, os casais sonham, os indivíduos sonham e todos escolhem. Todos nós escolhemos, aqui e ali.

Não mudamos a história através de nossos sonhos, desejos e escolhas. Construímos a história. Uma escolha individual constrói um evento. Este será parte da história. A única coisa objetiva que temos é a própria história. A escolha é subjetiva. Somos dois pontos de interrogação com um ponto de exclamação no meio: passado(?), presente(!) e futuro(?).

Nada podemos conjecturar pelo que passou simplesmente pensando se a escolha tivesse sido outra. Já passou e não se muda o passado. Mesmo vencendo o espaço- tempo, como no filme Déjà vu, através de um atalho chamado "buraco de minhoca", retornando ao passado para “consertar” a história, mudar-se-ia apenas um evento e não toda a história. Mas isso é muitíssimo improvável!

A história é composta de todos os eventos ocorridos num instante, num dado momento, numa determinada época. Porém nem todos os eventos estão associados. A maioria deles estão isolados, outros fracamente vinculados e só o próprio universo é vinculado a tudo. Teríamos que mudar o universo para mudar a história de todos os eventos.

Por outro lado, considere que A, B e C sejam respectivamente os instantes correspondentes ao passado, presente e futuro. Se fosse possível a “viagem” de B para A através de um atalho no espaço-tempo, A seria agora então o presente e B o futuro. BA seria uma viagem ao passado e AB o retorno para o futuro. Portanto poderíamos também fazer as viagens BC, AC e CA. O espaço-tempo seria uma circunferência com pontos distintos representando os instantes A, B e C.

Desta forma, ao escolhermos qualquer um dos pontos para representar o presente, os outros dois seriam o passado e o futuro respectivamente. Configurações como ABC, BCA e CAB seriam possíveis. Ainda poderíamos tornar tão pequena essa circunferência que os pontos chegariam a se coincidir. Imagine o menor intervalo t possível. Você pode dividir ainda em três sub-intervalos representando os passado, presente e futuro. No limite estaremos sempre no presente. Portanto, passado e futuro são formas espaço-temporais de representar o presente.

Olhe para seu relógio analógico e fixe no ponteiro dos segundos. Veja o movimento do ponteiro transformando presente em passado. Antes que ele chegue ao próximo marcador, fixe seu olhar. Você está “olhando para o futuro”. O marcador que você olha agora é presente, daqui a 1 segundo é passado e daqui a 59 segundos é futuro. O que faz o tempo se comportar assim?

Pense agora se fôssemos imortais e imutáveis? Certamente não existiria a noção e nem a importância conferida ao tempo. Os sonhos e desejos poderiam ser realizados daqui a uma hora ou daqui a mil anos. Isso não era problema. Isso não era importante. Nossos sonhos e desejos estão atrelados ao desconhecimento que temos em dominar o tempo. Nossas escolhas são feitas no tempo e a ele retornaremos para agradecer ou se lamentar. Pensamos sempre que o tempo vai acabar.

A vida que se transforma em morte, se transforma no tempo e no espaço. Mesmo para aquele que está aprisionado numa cadeia, o tempo para ele é pequeno. O tempo que lhe restará ao cumprir sua pena. Quer fora ou dentro de uma cela, seremos sempre prisioneiros. Prisioneiros dos sonhos e desejos. Prisioneiros das nossas escolhas. Prisioneiros do tempo. Essa é a nossa história. Mesmo que voltemos no tempo e alteremos parte dessa história, não teremos mudado o tempo. Apenas desviado o seu percurso e retornado para a prisão.

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