quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Deveríamos amar nos outros 358 dias...

É tempo de reflexão, é tempo de perdão, de recomeçar, de esquecer, de amar... É natal. É família. É comunhão...
Ouvimos muito esses trechos neste período. É o nascimento de Cristo! Mas Cristo não precisa renascer todos os dias em nossas vidas? Quantas vezes no ano não o matamos? Ah! Que bom que ele tem a capacidade de ressuscitar...
O que é ressurreição? Será reviver depois de ter morrido? Não será a capacidade que Cristo nos confere uma oportunidade para perdoar, pedir perdão e recomeçar uma nova vida diante de nossos erros e conflitos? Nós somos sim, verdadeiros cúmplices da crucificação e morte de Cristo. Esquecemos que Ele precisa viver. Viver em nós com seus ensinamentos.
Quando chega este período queremos ressuscitá-lo. O conhecido fim de ano. 7 dias apenas. 25 de dezembro a 01 de janeiro. Muita festa, confraternização, muita comida, bebida, as vezes oração, as vezes perdão, as vezes verdades.
O que engorda não é o que se come entre o natal e o ano novo, mas o que se come entre o ano novo e o natal.
Precisamos desses 7 dias de comida espiritual para alimentar 358 dias restantes do ano que se avizinha. Isso é incoerente! Ressuscitamos 7 dias de uma semana o espírito que irá suportar 358 dias sem alimento. É certo que existem pessoas que fazem o inverso. Mas a maioria prefere esperar milagres. Não é só frequentar uma igreja, ter uma religião, ser bonzinho, ter um comportamento socialmente correto... É preciso ter a compaixão perene em todas as suas ações. Somos juízes e somos julgados a todo instante. Estamos medindo as atitudes alheias a todo instante para que sejamos objetos de nossas próprias admirações. Somos eternos egoístas, egocêntricos.
Dedicamos menos de 2% de nosso tempo num ano para cuidar de questões que nos tornariam mais humanos. Quantas vezes esse ano você disse "Eu te amo"? Disse ao teu pai, a tua mãe, a teus filhos, a teus netos, a teu amor, a teus amigos, a teus inimigos ou a um desconhecido?...
"Eu te odeio" tem uma letra a mais comparado a "Eu te amo". Será esse o motivo?
Não! O motivo é que odiar, menosprezar, ser indiferente é muito mais fácil que amar. Amar precisa de tempo, cuidado, dedicação. Isso cansa! Acho que encontrei a resposta para esta semana. Precisamos dizer que amamos a várias pessoas nestes 7 dias por não termos coragem de fazê-lo nos 358 dias restantes.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Por acaso, o que é o acaso?

É certo que temos só uma história e que esta é fruto de nossas escolhas. Erramos muito... As vezes de propósito, as vezes por acaso. Mas será que o acaso tem um propósito?
Eu hoje acordei discordando de muita coisa que aprendi durante minha vida. Aprendi pérolas sagradas da moral humana e também da religião. Errar é humano, continuar no erro é burrice. Errar e continuar errando é um processo de aprendizagem constante em nossas vidas. Errar de propósito é burrice! Por acaso, é um processo natural. Nunca acordamos com a idéia fixa: hoje eu não vou errar! Não! Hoje eu não erro!...
A todo instante estamos escolhendo. Pego um taxi ou ônibus? Visto uma calça ou uma bermuda? Tomo leite ou café? Ou misturo? Vou a festa ou vejo um filme?...
Nesse turbilhão de escolhas estamos constantemente diante de situações que nos levam a cometer esses "erros". Quando sabemos dos riscos estamos "errando" querendo acertar. Quando não sabemos, estamos aprendendo, "acertando" nossas experiências e alimentando nossa razão.
Nosso conhecimento é um propósito que nos leva ao acaso ou o acaso é um propósito em si mesmo que não o conhecemos?
Quando erramos ao acaso, não será Deus propositalmente dando-nos a oportunidade de aprender? E quando erramos propositalmente não será Ele novamente oferecendo uma possibilidade de acertarmos ao acaso? Erro é possibilidade de acerto, como acerto é possibilidade de erro. Nunca estamos ou somos totalmente certos e nem errados. Por isso temos nossas verdades e convicções individuais. Nunca universais.
Na escola, quando somos avaliados, percebemos que as questões e conhecimentos mais duradouros de nossa aprendizagem, aquelas questões que marcam nossa vida estudantil, foram justamente as que achávamos corretas e na verdade estavam erradas.
Todos nós já propositalmente ou por acaso cometemos erros, enganos, provocamos o erro de outros, o sofrimento, morremos em nossas escolhas e até matamos os sonhos de alguns, mas é certo também que aprendemos desde criança a respeitar os mais velhos, sua história, sua experiência. Na verdade o que nós respeitamos são os erros por eles cometidos.
Da próxima vez que alguém te reclamar porque cometeu um erro, exclame: Epa! Respeite meus erros, pois eles serão um dia o orgulho da minha aprendizagem.
Portanto, o acaso é a possibilidade mais fantástica da natureza de formularmos as perguntas certas, de encontramos as respostas erradas e acreditarmos que elas estão certas durante um curto ou longo período, como também exatamente ao contrário. O acaso é essa fonte inesgotável de situações e fenômenos, ora propositais, ora acidentais, ora perfeitos, ora claros, ora transparentes, ora obscuros e inexplicáveis, ora transcendentais, e que muitas vezes, acredito eu, chamamos de Deus.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Quando pensamos ficamos pensos...

Eu sei que Deus esteve aqui a minha procura. Há algum tempo venho andando em círculos. Noya

Buscamos a felicidade tanto quanto pedimos chuva em período de seca. Mas quando a chuva vem ficamos com receio dela nos molhar. Noya

Quando percebi pela primeira vez o sorriso de uma criança, ela estava rindo de minhas rugas. A vida quando vai ser, é ou já foi... Noya

O amor é essa mentira que insistimos em contar para nós mesmos na esperança que um dia se torne verdade.
Noya

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Será que a morte é isso?

A morte é aquele dia final que encerra esta vida?
É aquele momento que todos sabem que um dia vai chegar e que ninguém quer?
Será esse dia o que dá todo o significado de uma vida?...
Será a morte o contrário da vida? Ou o seu complemento?...
Como podemos questionar algo tão simples e sombrio por uma só perspectiva?
O dia final, a passagem para outra existência...
Não! Eu não vejo a morte dessa forma. O início da vida se dá naquele instante da concepção, mas passamos pelo período da gestação e o nascimento com vida, que é o juridicamente considerado.
Não importa! Tomemos como início de tudo o momento da concepção. A partir deste instante cada segundo que se vive é também cada segundo que se morre.
Não podemos voltar o tempo, voltar esse processo. Quando alguém diz que o filho completou 3 anos de vida, ele também morreu 3 anos. Portanto, cada segundo que vivo na contabilidade da vida, também é um segundo de morte. Viver é ter a capacidade de morrer. Só morre quem está ou é vivo.
Mas essa morte não é igual a daquele dia em que nosso organismo para de funcionar. Este dia é conhecido como o dia do falecimento. É o dia em que você não pode mais morrer. O dia em que o processo de transformar vida em morte acaba.
Não temos mais os 10 segundos que passaram, temos apenas as lembranças deles, caso tenha sido marcantes. Daí podemos dizer que a morte é a transformação em vida, vida que é lembrada. De um modo geral vivemos mais do que morremos em essência. Lembramos pouco! Só dos momentos muito bons ou muito ruins...
Quem não é lembrado, não existiu! Pois não morreu porque não teve oportunidade de viver.
Faça o impossível para morrer todos os seus momentos de maneira mais leve e belo possíveis. Morrer é muito difícil. Morrer continuamente para você é um processo natural, para aqueles que te admiram é a lembrança.
O registro de que a morte valeu a pena é ser lembrado. Principalmente por aqueles que nos amam.
Ao chorar agora por algum ente querido, chore porque ele não pode mais morrer. Chore apenas por aquele dia em que a morte deixou de ser parte da vida daquele ente, não poderá ser mais lembrada dali em diante. E por último, não tenha medo de morrer, tenha receio deste difícil dia, dia do falecimento. Morrer é antes de tudo a arte de viver! Morra em paz!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Minha resposta é uma pergunta

Quantas vezes buscamos fazer perguntas sobre nossa existência, sobre nossa essência, sobre a felicidade, o amor, a vida, a morte, Deus...
Eu sou feliz? Será que eu já amei de verdade? E isso existe? O que é a dor, a existência, a felicidade, a essência, o amor, a vida, a verdade, a morte?...
Quantas perguntas já fizemos? E quantas respostas encontramos?...
Várias tentativas para acalmar esse conflito são postas todos os dias diante de nós.
Cada um de nós deposita suas expectativas nos mais diferentes acalantos buscando encontrar suas respostas. Alguns encontram a solução individual numa conta bancária, outros nos templos religiosos, num grande amor, na família, nas drogas, num analista, na solidão, na morte, na ciência, na literatura, na arte, no outro...
Viver seria essa tentativa de responder inconscientemente a essas perguntas?
Então a vida é a grande pergunta!
Não! Viver a vida seria a grande pergunta!...
Ainda não! Entender a existência da vida, da morte, da dor, da felicidade, da essência, de tudo aquilo que existe para nós seria o começo. Entender a existência da própria existência!
Parece papo de bêbado metido a filósofo... E na verdade é. Na existência vivemos embriagados em nossa própria consciência turva e ilógica. Por isso fazemos tantas perguntas sem se preocupar com as respostas. Perguntamos apenas!
Você já parou para pensar que consegue responder perguntas feitas por outros sobre os conflitos que lhes afligem, mas não sabe responder as suas?
Somos essencialmente a resposta dos outros porque eles são a nossa eterna pergunta?
Se nunca passou por tua consciência a razão de determinada ideia, ela pode existir?
Se nunca viu determinada fruta, nunca sentiu o seu sabor, seu cheiro, não sabe o seu nome, ela existe para você? Seria a razão e a experiência sobre algo o que lhe causa a existência?
Seria a existência fruto dos eventos a priori e a posteriori?
O vácuo é a ausência de ar, espaço vazio. Ele existe? O frio, a ausência de calor. O escuro, a ausência de luz. O mal, a ausência do bem. O frio, o escuro, o mal existem?
A própria ausência de algo tem uma existência própria?
O simples fato de perguntar remete a um grande problema da existência.
De onde vem o questionamento? De onde vem a razão para formularmos o seu próprio questionamento?
A dúvida é a única certeza da nossa existência. A mudança é única constante na vida. A única coisa que é absoluta é a relatividade dos eventos, das coisas e da vida.
Esses são alguns dos grandes paradoxos da existência.
Eu sei que tudo isso é muito confuso. Só uma pessoa que se deu a chance de visitar os princípios da física quântica entenderá o quanto a existência é intrigante. Na física quântica podemos ter dois estados superpostos ao mesmo tempo. É como você está e vivo e morto ao mesmo tempo. É também na quântica que só o fato de medir uma grandeza (velocidade, posição) alteramos o seu valor. Isso é incrivelmente perturbador. O fato de perguntar sobre a existência altera a consequente resposta sobre a própria existência. Existir e não existir podem estar ao mesmo tempo nas coisas, na vida e no universo. O que são essas leis? De onde elas vieram? Quem ou que as determinaram? A razão é quântica ou quântica é a própria razão? Existe uma razão inconsciente, além de nós? "Existe" uma razão que interfere na nossa própria razão existencial?
Se estas colocações lhe deixaram mais confuso, tenha certeza: você existe. Você começa a caminhar dentro de um universo onde a regra não é normal, cartesiana, com formas regulares e comportamentos previsíveis. Isso é a exceção! A regra é caótica, probabilística, mutável, imprevisível, louca, obscura, mas ela é provável. O homem por não conhecer a existência de tudo em sua essência, criou modelos regulares para explicar aquilo que lhe é tangível, calculável, mensurável e passível de explicação.
Toda essa falta de entendimento, toda essa complexidade, todo esse processo de transformação das coisas, do nascer, viver, permanecer, morrer é o que chamo de perfeição.
Você certamente quando olhar agora para algo, tente visualizá-lo em sua negação, no seu oposto, na sobreposição, na sua constante mudança. Olhe também para as pessoas da mesma forma e saberás que o verdadeiro sentido da palavra imperfeição nada mais é do que um conjunto de coisas perfeitas que não conseguimos explicar.
Conhecer é algo muito perigoso! Sair da caverna, do escuro e encontrar a luz é perigoso demais! Os ignorantes vivem mais tranquilos. Aceitam sua existência sem questioná-la. A luz pode trazer a realidade e esta nos faz sofrer. Todos que conhecem muito, passam a viver num eterno sofrimento sobre sua própria existência. Quem conhece passa a fazer parte desse sofrimento existencial humano. O sofrimento nada mais é que o conhecimento e a ignorância que temos sobre nossa própria existência e a do outro que desconhece. Platão achava que a luz trazia a verdade e consequentemente a felicidade. O problema continua desde Platão até hoje, pois quando conhecemos a existência das coisas e dos seres, conhecemos sozinhos e queremos que os outros compreendam essa necessidade de encontrar a luz, penetrar na existência. Isso não ocorre e passamos a sofrer por não sermos capazes de estimular o outro a conhecer a verdade. O outro é parte essencial de nossa existência, por isso sofremos por ele e por meio dele.
A dor que eu sinto agora é uma dor que existe em mim e além de mim. Pois todo aquele que busca conhecer a sua existência vai além de si mesmo, além de sua própria existência. Vai sofrer pela não existência do outro que desconhece, mas que lhe completa e que lhe dá verdadeiramente o sentido de sua existência. Precisamos do outro como parâmetro existencial. Aquilo que mais buscamos de felicidade, amor, razão para existir no outro, é na verdade o que há de mais belo em nós mesmos. É o nosso conforto existencial que projetamos de nós mesmos naqueles que pensamos estar amando. Quando é recíproco, pensamos que somos felizes. Essa reciprocidade acontece poucas vezes em nosso dia-a-dia, por isso não temos a felicidade plena e apenas surtos, lampejos de felicidades.