quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cativemos essa flor



Quem é essa menina com uma baladeira no pescoço?
Parece que essa sua cara de mal é um pouco para desafiar o tempo e a dor...
Quem é essa sua prima que mora lá para as bandas da capital? Uma loira poderosa...
Ela parece carregar em si uma alegria triste, com um gesto escondido atrás dos olhos de uma dura e bela contabilidade: uma perda irreparável e uma experiência milagrosa.
Eu tinha medo de enfrentá-la, juro! A Tuxa, minha Tuxa sua prima, sempre lhe traduzia como uma personalidade delicada, reservada e de difícil acesso. Parecia verdade!
Mas te conheci o suficiente nos pouquíssimo momentos que tivemos.
Carregas contigo uma criança esquisita desafiadora, uma moça de olhar cinza escuro e uma mulher de sorriso praia-shopping.
Não! Não é bem assim que deves se sentir...
Mas aprendi a perceber o que está além de seus olhos.
Percebi que suas lágrimas foram transformadas em tinta para tatuar seu corpo, homenagem eterna do seu amor infinito.
Também vi a criatividade e molecagem nos codinomes repassados para os mauricinhos e atrevidos de plantão.
Alguém que busca viver e desafiar as adversidades com simpatia e bom humor. Que aceita a dificuldade como aprendizagem. Que estampa a sinceridade em seus sentimentos.
Que carrega em si uma experiência valiosa da vida, o milagre de Deus e a capacidade de suportar a dor.
Por último, proponho uma mudança: trocar o nome da mais bela roseira que seus pais até hoje cultivaram, por esse: Uma roseira chamada Alaíde que brota todos os dias uma flor de nome Raquel.
À você e a este dia, eu e Tuxa, seremos seus eternos colibris.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Nessa vida, pinte sua estrada



Minha vida, essa eterna rodoviária, com passageiros sonhos filosóficos, com viagens reais de palavras. Palavras que não escondem a verdade, as vezes talhadas na memória, as vezes na consciência presente ou numa expectativa futura.
Foi lá que percebi tua chegada, a possibilidade, teu cheiro, tua fala, teu ser, mesmo que, naquele instante, tivesse que partir.
Ali tu esperavas teu sangue vindo da Paraíba: a mana e a menina linda - dodoilinha.
Nesta rodoviária percebi sua companheira de trabalho e ouvi seus comentários sobre as minhas viagens. Tive que fazer esse breve comentário sobre o que arranco de mim mesmo das viagens que fiz, para que ela, também eterna viajante de si mesmo, conheça um pouco das várias estradas dessa vida, principalmente porque muitas vezes ficamos sem destino ou porque nem mesmo sabemos aonde estamos.
"Não cravo o que vejo, mas aquilo que escrevo. A vida e suas dores são reais. Não a fantasiemos por mera compaixão ao que sentimos. A verdade dói e precisa ser dita para que aprendamos com a dor a não experimentar os mesmos enganos. Isso não é nostalgia nem sentimentos tardios. Isso é um outro modo de dizer, que ao abraçarmos com uma roseira, somos mais espetados com os seus espinhos, que perfumados com o cheiro de suas flores".
Para um bom viajante, meia passagem basta!
Retornando a rodoviária, comprei duas passagens e fui viajar com minha tuxa...
Nosso ônibus tem um excelente sistema de refrigeração. Nossos corpos adoram esse clima. Partimos à noite. Ficamos grudados, roçando nossos corpos libidinosos e sentindo a orgia no respirar do outro. Um beijo macio e tenro invade nossos desejos e aquece nossa pele naquelas cadeiras frias. O delírio que o proibido proporciona, faz-nos puxar os cabelos sem sentir dor, gemer feito bicho selvagem, arranhar as unhas como se quisesse rasgar a pele do outro, sua roupa, atingindo sua alma até que o casal ao lado desperte-nos com um hrum, hrum, clamando para acabar a excitação.
Ufa, eles viram e ouviram tudo! Calma... Ah!... Acabamos dormindo, agarrados, mas com o desejo sufocado.
Amanhece, um gole d'água ou um café, quebra o jejum carnal daquela noite.
Puxamos a cortina do ônibus e passamos a apreciar a paisagem que viaja pela janela. Vilarejos paradisíacos, crianças nos rios, lagos, casebres colonias, edifícios gigantescos, pontes, túneis, anéis viários, tudo nos remete a fantasia. Projetamos sonhos com aquelas imagens. A vida é essa longa viagem e por mais que andemos não queremos terminar, parar, estacionar... A viagem é uma experiência. Se não provarmos o seu sentido, nada terá valido a pena nesta vida.
Alguns ônibus são mais confortáveis que outros, mas todos eles te levam para algum lugar. Isso é o que importa.
Saiba que mesmo sem dinheiro conseguimos viajar. A pé, de bike, de carona, de jegue, avião, ônibus... Alguns querem percorrer longas distâncias dentro do seu eu, outros querem apenas não ficar no mesmo lugar.
Em pouco tempo, conheci com a Tuxa várias locais inexplorados antes por mim.
"Tem sido maravilhoso viajar ao teu lado". Por mais curioso que eu seja, sempre tu mostras outros ângulos para observar uma mesma paisagem. Discordamos, é claro, quanto a beleza que envolvem nossas paisagens interiores, mas sempre chegamos a um consenso.
Rogo a Deus que o tempo e sua sabedoria nos dê a oportunidade de mostrar a todos que nós dois nascemos para percorrer este mundo. Quando um dia pararmos, serviremos de exemplo para nossos filhos, parentes e amigos, como "dois eterNos e terNos viajantes".

domingo, 18 de abril de 2010

No amor, a eternidade tem um "fim"



Quantas juras de amor para sempre todos nós não já fizemos?...
Quantas vezes fitamos o olhar no outro profundamente e enaltecemos essa juras?...
As vezes na volúpia do sexo, as vezes na promessa de uma casamento, as vezes no contemplar da lua, no por do sol...
Quantas sonhos todos nós não projetamos para viver a felicidade eterna?... Ainda bem que foram apenas sonhos. Acordamos num triste dia e percebemos que aquele amor acabou, enfartando-se em si mesmo, ou que ferimos o outro até sangrar toda a felicidade almejada. Talvez esse "amor para sempre" tenha se suicidado por não entender a eternidade. Quantas vezes ele estava tão cansado de sofrer, encostou-se, adormeceu e morreu silenciosamente em nossas atitudes.
Outras vezes se acovardou e nem permitiu sua existência ou continuidade.
Mas o pior não é quando ele acaba. O pior é o que todos nós fazemos do outro, aquele que juramos amar para sempre, quando essa eternidade dura pouco.
Tantos momentos bons agora condenados a nossa lembrança porque acabaram.
— A culpa foi sua! Eu sabia que você não prestava! Você me traiu...
Uma eternidade pode ser expressa em segundos, dias, meses, anos...
Somos efêmeros, passageiros com destinos diversos mas com parada obrigatória. Tudo morre, tudo acaba um dia, nada é eterno, somente Deus.
O amor só seria eterno se o mesmo tivesse sempre existido. Sem início. Sem nascimento. O amor nasce, cresce e morre. As vezes morremos junto com ele... Todos nós não nascemos para aceitar esse fato...
Portanto viva a eternidade nesse minuto, daqui a 60 segundos ele acaba. Diga "eu te amo" a quem merece essa sua declaração. Não tenha medo de dizer, talvez seja tarde demais... 58, 59, 60. Pronto! Acabou. É assim a vida. Achamos que ela também nunca acaba. Quando verdadeiramente amamos transformamos esse amor na razão de nossas vidas. Eis o motivo de acreditarmos no amor eterno.
Por isso não condene os outros, nem tampouco nos condene! Condene a eternidade, condene o amor que não te avisou que um dia podia morrer. Condene-se a lembrança desse amor que apesar de ter morrido ele um dia fora belo em sua eternidade passageira.

Não condene a roseira pelo espinho que fura
Condene a flor por exibir a beleza pura
Condene a lembrança porque no tempo dura
Mas não condene o tempo, pois só ele cura.

Assim, a jura de amor eterno, carrega em si "um fim": esconder eternamente que o amor tem sempre um fim.