sexta-feira, 7 de maio de 2010

Precisava de arco-íris...



Precisava pintar minha solidão, meu escuro vazio, meu horizonte de problemas acumulados, minha alegria esquecida nas mesas de bares. Procurei em cada canto dessa cidade pincéis, tela e tintas sui generis para criar minha nova paisagem. Queria cores, vida, alegria interior. Pensei em vários ambientes bucólicos mas percebi que apenas um arco-íris me bastava. O meu outubro chegou com seu dia 15 para realizar tal desejo. Depois desse dia comecei a coletar as cores necessárias. Ela passou a ser minha aquarela. O vermelho retirei do sangue que ficou em minhas unhas, quando lhe rasguei as costas de tanto prazer. O alaranjado recolhi dos seus fios de cabelos deixados no sofá escuro, resultante de um puxar animalesco do fogo que ardia em nossos corpos. o amarelo capturei das suas unhas desenhadas com doçura e mel. O verde retirei da tua bílis encharcada de vinho e azeitona de mais uma noite delirante. O azul foi encontrado numa tanga de cetim deixada em baixo dos nossos lençóis. O anil arranquei do teu olhar profundo quando olhavas para o céu. O violeta saiu dos teus lábios, roxo de calorosos beijos mordiscados. Estava com todas as cores, mas precisava ainda do branco e do preto. Retirei o branco do teu sorriso deixando os seus dentinhos separados. Ah que sorriso inesquecível... O preto foi elaborado com sobras do teu segredo.
Pintei assim a minha felicidade, cada cor vinda de ti.
Cada traço que eu faço, não disfarço meu amor, apenas junto um pedaço, meu e teu, aqui e ali. Nosso tempo tem compasso, escrever uma história, rabiscar meu céu e com tuas tintas, colorir.

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