terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Minha resposta é uma pergunta

Quantas vezes buscamos fazer perguntas sobre nossa existência, sobre nossa essência, sobre a felicidade, o amor, a vida, a morte, Deus...
Eu sou feliz? Será que eu já amei de verdade? E isso existe? O que é a dor, a existência, a felicidade, a essência, o amor, a vida, a verdade, a morte?...
Quantas perguntas já fizemos? E quantas respostas encontramos?...
Várias tentativas para acalmar esse conflito são postas todos os dias diante de nós.
Cada um de nós deposita suas expectativas nos mais diferentes acalantos buscando encontrar suas respostas. Alguns encontram a solução individual numa conta bancária, outros nos templos religiosos, num grande amor, na família, nas drogas, num analista, na solidão, na morte, na ciência, na literatura, na arte, no outro...
Viver seria essa tentativa de responder inconscientemente a essas perguntas?
Então a vida é a grande pergunta!
Não! Viver a vida seria a grande pergunta!...
Ainda não! Entender a existência da vida, da morte, da dor, da felicidade, da essência, de tudo aquilo que existe para nós seria o começo. Entender a existência da própria existência!
Parece papo de bêbado metido a filósofo... E na verdade é. Na existência vivemos embriagados em nossa própria consciência turva e ilógica. Por isso fazemos tantas perguntas sem se preocupar com as respostas. Perguntamos apenas!
Você já parou para pensar que consegue responder perguntas feitas por outros sobre os conflitos que lhes afligem, mas não sabe responder as suas?
Somos essencialmente a resposta dos outros porque eles são a nossa eterna pergunta?
Se nunca passou por tua consciência a razão de determinada ideia, ela pode existir?
Se nunca viu determinada fruta, nunca sentiu o seu sabor, seu cheiro, não sabe o seu nome, ela existe para você? Seria a razão e a experiência sobre algo o que lhe causa a existência?
Seria a existência fruto dos eventos a priori e a posteriori?
O vácuo é a ausência de ar, espaço vazio. Ele existe? O frio, a ausência de calor. O escuro, a ausência de luz. O mal, a ausência do bem. O frio, o escuro, o mal existem?
A própria ausência de algo tem uma existência própria?
O simples fato de perguntar remete a um grande problema da existência.
De onde vem o questionamento? De onde vem a razão para formularmos o seu próprio questionamento?
A dúvida é a única certeza da nossa existência. A mudança é única constante na vida. A única coisa que é absoluta é a relatividade dos eventos, das coisas e da vida.
Esses são alguns dos grandes paradoxos da existência.
Eu sei que tudo isso é muito confuso. Só uma pessoa que se deu a chance de visitar os princípios da física quântica entenderá o quanto a existência é intrigante. Na física quântica podemos ter dois estados superpostos ao mesmo tempo. É como você está e vivo e morto ao mesmo tempo. É também na quântica que só o fato de medir uma grandeza (velocidade, posição) alteramos o seu valor. Isso é incrivelmente perturbador. O fato de perguntar sobre a existência altera a consequente resposta sobre a própria existência. Existir e não existir podem estar ao mesmo tempo nas coisas, na vida e no universo. O que são essas leis? De onde elas vieram? Quem ou que as determinaram? A razão é quântica ou quântica é a própria razão? Existe uma razão inconsciente, além de nós? "Existe" uma razão que interfere na nossa própria razão existencial?
Se estas colocações lhe deixaram mais confuso, tenha certeza: você existe. Você começa a caminhar dentro de um universo onde a regra não é normal, cartesiana, com formas regulares e comportamentos previsíveis. Isso é a exceção! A regra é caótica, probabilística, mutável, imprevisível, louca, obscura, mas ela é provável. O homem por não conhecer a existência de tudo em sua essência, criou modelos regulares para explicar aquilo que lhe é tangível, calculável, mensurável e passível de explicação.
Toda essa falta de entendimento, toda essa complexidade, todo esse processo de transformação das coisas, do nascer, viver, permanecer, morrer é o que chamo de perfeição.
Você certamente quando olhar agora para algo, tente visualizá-lo em sua negação, no seu oposto, na sobreposição, na sua constante mudança. Olhe também para as pessoas da mesma forma e saberás que o verdadeiro sentido da palavra imperfeição nada mais é do que um conjunto de coisas perfeitas que não conseguimos explicar.
Conhecer é algo muito perigoso! Sair da caverna, do escuro e encontrar a luz é perigoso demais! Os ignorantes vivem mais tranquilos. Aceitam sua existência sem questioná-la. A luz pode trazer a realidade e esta nos faz sofrer. Todos que conhecem muito, passam a viver num eterno sofrimento sobre sua própria existência. Quem conhece passa a fazer parte desse sofrimento existencial humano. O sofrimento nada mais é que o conhecimento e a ignorância que temos sobre nossa própria existência e a do outro que desconhece. Platão achava que a luz trazia a verdade e consequentemente a felicidade. O problema continua desde Platão até hoje, pois quando conhecemos a existência das coisas e dos seres, conhecemos sozinhos e queremos que os outros compreendam essa necessidade de encontrar a luz, penetrar na existência. Isso não ocorre e passamos a sofrer por não sermos capazes de estimular o outro a conhecer a verdade. O outro é parte essencial de nossa existência, por isso sofremos por ele e por meio dele.
A dor que eu sinto agora é uma dor que existe em mim e além de mim. Pois todo aquele que busca conhecer a sua existência vai além de si mesmo, além de sua própria existência. Vai sofrer pela não existência do outro que desconhece, mas que lhe completa e que lhe dá verdadeiramente o sentido de sua existência. Precisamos do outro como parâmetro existencial. Aquilo que mais buscamos de felicidade, amor, razão para existir no outro, é na verdade o que há de mais belo em nós mesmos. É o nosso conforto existencial que projetamos de nós mesmos naqueles que pensamos estar amando. Quando é recíproco, pensamos que somos felizes. Essa reciprocidade acontece poucas vezes em nosso dia-a-dia, por isso não temos a felicidade plena e apenas surtos, lampejos de felicidades.

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